Resenha: A Estrada da Noite

 
     Joe Hill é filho do grande Stephen King. É uma carga bem pesada para carregar, não é?
   
     Nesse livro, somos apresentados para Judas (Jude) Coyne, ou Justin Cowzynski, como era chamado na infância. Jude é um astro do rock cinquentão que tem uma coleção de objetos macabros; livros de receitas para canibais, confissão de uma bruxa de 300 anos atrás, um laço usado em um enforcamento, uma fita com cenas de um assassinato que realmente aconteceu e por aí vai.
 
     Num belo dia (ou não), Jude recebeu um e-mail de um leilão na internet onde se vende um paletó que, aparentemente, pertence a um fantasma. Por exatos 1.000 dólares (!!!), Jude Coyne é dono de um paletó assombrado pelo antigo dono.
   
     Quando o paletó chega a sua casa em uma estranha caixa preta em formato de coração, tudo muda.  De cara, a caixa já emanava um odor de gente morta.

     Jude se sente perseguido, por todos os lugares começa a ver um homem com o paletó do morto e uma lâmina em mãos. Com a ajuda de sua namorada Marybeth e seu assistente, nosso astro do rock vai tentar se livrar desse fantasma que tanto atormenta. Então, entra em contato com a pessoa que o vendeu o maldito paletó, Jéssica Price.

Ele viu um lampejo de movimento refletido na janela parcialmente aberta atrás da escrivaninha e seu olhar saltou para a imagem do vidro. Pôde ver a si mesmo ali e o homem morto parado ao seu lado, curvando e sussurrando no ouvido dele.

    Jéssica é a irmã de uma das ex-namoradas de Jude, Anna.  Após o término do seu casamento, Jude não assumiu nenhum relacionamento sério, só ficava com garotas góticas que tinha por volta dos 20 anos e não por muito tempo. Anna bateu o recorde de tempo que ficou com Jude, nove meses, mas ela era depressiva e ele logo a dispensou. Ao entrar em contato com Jéssica, Jude descobre que ela era irmã de Anna, que aparentemente se suicidou. O fantasma é Craddock McDermott, o padrasto da garota, que morreu logo após Anna.  Craddock está em busca de vingança, pois, segundo ele, Jude foi o único responsável pela depressão de Anna que a levou ao suicídio.

“Vou vender o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto...”

     O mais legal do livro não é nem o tema central, o fantasma, mas sim as referências. São citadas várias bandas como Nirvana, AC/DC, Ozzy Osbourne e Metallica. Também adorei o Jude. Não é um personagem com quem eu me relacionaria, mas que eu gostaria de. HAHAHA O cara dirige um Mustang, tem dois cachorros e pratica a arte (?) do desapego. Sem falar que ele é totalmente ‘‘desenrolado’’.

“– O mundo inteiro é feito de música – diz ela. – Somos todos cordas numa lira. Nós ressoamos. Cantamos juntos.[...]”

     O livro é contado em terceira pessoa e a narração é tão, tão, tão detalhada que às vezes chegou a ser irritante.

     A diagramação do livro é simples, os capítulos são divididos por um coração negro com o número do respectivo capítulo dentro. Tudo a ver com a história, já que o paletó foi recebido dentro de uma caixa preta em formato de coração. A capa é simples, mas também se encaixou perfeitamente na história.  Em inglês, o título do livro é Heart-Shaped Box, que significa Caixa Em Formato de Coração. A meu ver, o título em português é bem mais simples e muito melhor.
 
     Como eu disse no início, Joe Hill é filho do Stephen King e achei super legal ele não manter o sobrenome para não se aproveitar da fama do pai. Esse é o primeiro livro de Joe e quero ler muito mais dele.

    Ainda não li nada do Stephen King, mas tenho uma super curiosidade e apesar de Joe escrever o mesmo gênero terror/suspense que o pai, acredito que a escrita dos dois seja bem distinta.
 
    Os direitos para adaptação de A Estrada da Noite já foram comprados em 2009 (!!!), mas até agora não foi confirmado nada.

Trilha Sonora Indicada

Don't You (Forget About Me) - Simple Minds

Sold My Soul - Zakk Wylde

Uma lenda do rock pesado, o cinqüentão Judas Coyne coleciona objetos macabros: um livro de receitas para canibais, uma confissão de uma bruxa de 300 anos atrás, um laço usado num enforcamento, uma fita com cenas reais de assassinato. Por isso, quando fica sabendo de um estranho leilão na internet, ele não pensa duas vezes antes de fazer uma oferta.
"Vou ´vender´ o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto..."
Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do antigo dono. Sempre às voltas com seus próprios fantasmas - o pai violento, as mulheres que usou e descartou, os colegas de banda que traiu -, Jude não tem medo de encarar mais um. Mas tudo muda quando o paletó finalmente é entregue na sua casa, numa caixa preta em forma de coração. Desta vez, não se trata de uma curiosidade inofensiva nem de um fantasma imaginário. Sua presença é real e ameaçadora. O espírito parece estar em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina reluzente - verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que o fantasma não entrou na sua vida por acaso e só sairá dela depois de se vingar. O morto é Craddock McDermott, o padrasto de uma fã que cometeu suicídio depois de ser abandonada por Jude. Numa corrida desesperada para salvar sua vida, Jude faz as malas e cai na estrada com sua jovem namorada gótica. Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a enfrentar seu passado em busca de uma saída para o futuro. As verdadeiras motivações de vivos e mortos vão se revelando pouco a pouco em A estrada da noite - e nada é exatamente o que parece.
Ancorando o sobrenatural na realidade psicológica de personagens complexos e verossímeis, Joe Hill consegue um feito raro: em seu romance de estréia, já é considerado um novo mestre do suspense e do terror.