Disqus for Eclausuradas nas Histórias

Resenha: As Esferas de Medeia

Edição: 1
Editora: Dracaena
ISBN: 9788582180785
Ano: 2013
Páginas: 490
Sinopse: Em meio a um distrito desconhecido, onde pessoas vivem dentro de árvores e a noite nunca é igual com suas duas Luas, o pesar se cai: as Esferas sagradas foram violadas e todos os 13 distritos estão desprotegidos, frágeis contra qualquer mal que queira se aproveitar. A ligação entre feiticeiros e poceiros se faz necessária, para reagir a um mal que, surpreendentemente, ainda não os atacou. Desmemoriado, ímã de problemas, e descrente de que possa ser algo maior e mais poderoso que pareça, Freico Nordon traz consigo a dor de não ter lembranças. Além disso, todos passam a acreditar ser ele, o culpado pelas Esferas e por tudo de ruim que acontece nos distritos. É então, ao lado de Zog, seu único amigo aparente, que descobre ser o responsável e detentor do futuro de todas as pessoas, tornando sua reputação ainda mais discutível. Ao procurar por respostas, ele tem de enfrentar sua primeira Sina, missão que todos podem enfrentar, mas que poucos se arriscam, por ser de sorte incerta e resultados nem sempre desejados.. Enfrentando sempre algum desconhecido lugar, pessoas desconhecidas, sentimentos desconhecidos, dores além… alegrias além… sem saber em quem ou no que acreditar, Nordon viaja dentro de si, tentando enxergar o que alguns dizem ser a lenda, o Prodígio; adaptando-se com essas constantes descobertas. Então, vestir sua Giro Fluxo e voar para o desconhecido, passa a fasciná-lo, seduzi-lo, fazendo-o crer que Quando a consciência perde a razão, as lembranças esquecidas tornam-se ações e motivos de se encontrar…


     Hello leitoras e leitores, a resenha de hoje é sobre esse livro nacional, que me ensinou que o brasileiro também pode ser muito, muito, muito criativo.


     Freico Nordon, um garoto aparentemente apático, que não dá sinais de ter mais que 12 anos de idade, sempre foi simplesmente um garoto, e nada mais. Mas ele estava destinado à grandeza, e não fazia a menor ideia disso. O passado de Freico era uma pedra no seu sapato, porque ele não conseguia decifrá-lo. Até hoje, tudo o que ele sabia era que um dia alguém o tinha abandonado em Murloc, um dos treze distritos da União, em frente à casa de um talentoso poceiro, Friederics Tatroon. Os morcs que habitavam Murloc eram um povo pacífico, porém deveras fofoqueiro, mas a vida no distrito sempre havia sido pacata, até a notícia do desaparecimento de seis das sete Esferas de Medeia, o bem mais precioso da União, se espalhar e deixar todos os cidadãos em estado de alerta. As esferas continham, cada uma, uma relíquia importante para Medeia, a poderosa feiticeira. No entanto, a mais importante, que continha o sangue da própria, ainda se encontrava em poder dos arquitetos de Merlingrado, o distrito mais relevante. Porém, há um suspeito por trás do furto: Eférius. À menção desse nome, toda a população ficava apavorada, já que Eférius era um inimigo em comum, além de perigoso em demasia, que todos tinham. Suas intervenções na União o deixaram com a fama de alguém para se temer.

   O mundo como Freico conhecia, estava em risco e podia deixar de existir à mercê de Eférius, e é à partir daí que ele o seu fiel companheiro, um morc bem humorado e com bastante apetite, Zog, passam pelas maiores e piores experiências de suas vidas em busca de respostas. Primeiramente, Freico sente a urgência de desvendar o seu passado, e é claro, salvar o seu povo, mesmo esse não sendo muito receptivo com ele, já que a origem do garoto era uma grande página em branco para todos. Ignorando os olhares esguios dos vizinhos, os dois amigos embarcam numa viagem fantástica, cheia de criaturas mágicas e descobertas chocantes. O destino reservava a Freico grandes fardos, e ele teve de enfrentar todos eles para concluir a sua sina, e descobrir qual era a sua história e quem ele realmente era.

  O começo do enredo é maçante, porque Maickson criou um universo completamente novo e nos deu um guia para ir descobrindo esse mundo pouco a pouco: notas de rodapé com as definições das criaturas, objetos, lugares, guloseimas e feitiços que ele mesmo criou. Isso torna a leitura rica e interessante, porém mais vagarosa. Mas não é um empecilho, porque o resto do livro vai se desenrolando diante dos seus olhos, e você não tem nenhum saída, à não ser devorar as páginas o mais rápido que pode. Aqui vão algumas das minhas notas de rodapé favoritas:

• "Senactus: nome de um distrito e denominação das pessoas que não apresentam nenhuma peculiaridade fantástica. Distrito que engloba os países e as cidades das 'pessoas normais'. É também o único lugar que nega existir demais distritos e outras culturas." • "Arquiteto: designação dos altos cargos ministeriais, têm essa alcinha por serem responsáveis em 'arquitetar' soluções, panos e estratégias para suas respectivas funções."• "Draculaes: vampiros moradores de um dos distritos menos explorados, devido ao receio dos arquitetos e negociantes. Em Draculae não existe dia, portanto os vampiros podem sair a qualquer hora. Além disso, em nenhum restaurante há pratos com alho e nenhuma madeireira vende artigos pontiagudos e afiados, o que o torna um distrito quase que inútil."• "Chiclete de triângulo: chiclete com formato triangular que torna o sabor de acordo com o humor da pessoa que o masca. Se você está triste, ele se torna amargo; feliz, ele se torna doce; pressa, torna-se ardido e refrescante."• "Giro-fluxo (G.F.): espécie de luva que catalisa as energias de um conjurador, servindo como um capacitor mágico."

      Agora imaginem criar uma galáxia de termos novos e inusitados como esses, encaixá-los em universo próprio e acrescentar algumas referências às melhores histórias de fantasia como Senhor dos Aneís e Harry Potter, tudo regado, claro, à situações de humor e romance. Bom, foi basicamente o que o autor fez, e eu sinceramente, de começo, não achei que essa mistura excêntrica fosse resultar em algo legal, mas felizmente eu estava errada. Maickson mostrou a que veio, e eu não podia deixar de exaltar a minha grata surpresa por ler uma narrativa fantástica tão boa vinda de um autor nacional, porque várias características do texto me lembraram muito o jeito americano e europeu de se contar histórias, mas as referências ao nosso país nunca me deixavam esquecer da minha nacionalidade, outro ponto muito interessante do livro.

     Por hoje é só, guys. Até algum dia.