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Resenha: Delírio


     Delírio é uma distopia, passada em Portland, em que o amor é uma doença chamada amor deliria nervosa. A sociedade é controlada de um modo bem rígido, mas tudo é para evitar que os cidadãos contraiam a temida doença. Pelos grandes cientistas, amor deliria nervosa faz a pessoa mudar completamente, cá entre nós, isso é realmente verdade, mas nos muda de um jeito bom, não é mesmo? A parte de fora da cidade é chamada de Selva, lá moram os chamados Inválidos, pessoas que se renderam ao amor e fugiram, à procura de liberdade. Aos 18 anos, todos os jovens são submetidos a uma cirurgia, onde, supostamente, os médicos conseguem retirar o amor através de uma ligação no cérebro. Antes da cirurgia, o jovem é encaminhado a uma entrevista onde são feitas várias perguntas para fazer a lista de pessoas compatíveis, que de acordo com ela, a ou o jovem irá escolher um e depois se casará depois da faculdade, após isso, é determinado até o número de filhos que o casar irá ter.É assim, eles controlam sua vida, tudo. Depois da intervenção, assim chamada, as pessoas afirmam que a vida fica bem mais fácil, eu acho que parte disso é porque elas não conseguem mais se apegar as outras. 

 ''As doenças mais perigosas são aquelas que nos fazem pensar que estamos bem.''
 - Provérbio 42, Shhh

   O livro gira em torno de Lena, uma garota que está com os nervos à flor da pele por causa da intervenção. Diariamente ela conta quantos dias faltam para tal e a ansiedade só aumenta. Sua mãe passou pelo processo de cura três vezes e mesmo assim o amor ainda fazia parte dela, quando a chamaram para uma quarta intervenção, ela se suicidou. Lena conviveu com a dor a humilhação de ter uma pessoa ‘’doente’’ na família esses anos todos. Hana é a melhor amiga de Lena e elas são inseparáveis, mas Hana começou a fazer algumas coisas estranhas, sussurrar coisas ofensivas, lembre-se, o amor é uma doença e tudo relacionado à ele é automaticamente doentio. A entrevista de Lena e Hana começou normal, as duas se juntaram aos jovens de suas respectivas idades e foram entrevistadas, algo que foram ensaiadas para dar as respostas perfeitas. No meio da entrevista, Lena começou a dar as respostas erradas, mas ocorreu algo e vacas invadiram, todos sabiam quem tivera feito isso. Os Inválidos. No meio da bagunça, Lena conseguiu ver um garoto e, acredito eu, aquela troca de olhares indicou amor à primeira vista. Sim, dias antes de sua intervenção, Lena se apaixonou. Os encontros continuaram, em várias ocasiões e coincidentemente, parecia que o destino estava a favor de Lena e Alex.   
''Tudo parece lindo. A Shhh diz que o deliria altera a percepção, compromete a capacidade de raciocinar com clareza e impede julgamentos corretos. Mas ela não diz o seguinte: o amor transforma o mundo inteiro em algo maior. Mesmo o lixo, brilhando no calor, um amontoado enorme de sucata, plásticos derretidos e sujeira, parece estranho e milagroso, como um mundo alienígena transportado para a Terra.'' 
     O começo do livro é bem chato, mas a autora tem uma forma de escrever tão boa, que vicia. Todos os inícios de capítulo começam com trechos da Shhh - Suma de hábitos, higiene e harmonia – que é uma espécie de constituição, digamos assim,  e outras obras da sociedade. Os trechos da Shhh são tão... Absurdos. Viver sem amor é como viver sem água, concorda? Não estou me referindo apenas à amor de casais, mas de todos tipos; maternal, paternal.  Que tipo sociedade seríamos se nem os próprios pais amam seus filhos? Não entra em minha cabeça. Por isso Delírio é tão bom, porque é absurdo, inimaginável.
     Eu achei, no começo do livro, que Hana seria uma protagonista melhor, ela tinha uma curiosidade, uma vontade imensa de descobrir as coisas cada vez mais, enquanto Lena, era apenas uma medrosa, posso dizer que ela era até ‘’meio sem sal’’, mas ela se mostrou uma garota forte, que não tinha medo de nada, nem mesmo do amor, ela mostrou o porquê de ser protagonista daquela história e fez por merecer. Uma das coisas que eu mais gosto em Lena, é que ela faz umas comparações que são, bem, nada a ver uma coisa com a outra e nisso, vi que ela se parece comigo.
     Depois da metade do livro, mais ou menos, Delírio é simplesmente fantástico. Alex aparece mais presente do que nunca na vida de Lena e assim como ela, me vejo apaixonada por ele. O amor dos dois é algo tão... Real. Não é aqueles água com açúcar que vemos por aí.
     A Intrínseca caprichou muito nesse livro, ao começar pela capa, é simplesmente perfeita.
     Eu indico Delírio para todos aqueles que querem saber a verdadeira essência do amor, da felicidade e infelicidade também. Estou muito ansiosa para a continuação e só peço que seja tão boa quanto o primeiro livro!

''Amor: uma única palavra, algo delicado, uma palavra que não é mais larga ou longa que uma lâmina. É o que ela é: uma lâmina, uma navalha. Ela corre pelo centro de sua vida, cortando tudo em duas partes. Antes e depois. O restante do mundo cai em ambos os lados.
Antes e depois - e durante, um momento que não é mais largo ou longo que uma lâmina.''

Trilha Sonora Indicada:


Sinopse: Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura?

Com muito amor deliria nervosa,
Lorena.